Exército espartano. Note: símbolo GLS em seus escudos. |
Para quem já assistiu ao filme “300” que conta a história do
jovem rei Leônidas I e o exército dos trezentos na Batalha das Termópilas, e em
geral aos filmes que narram batalhas épicas do mundo antigo grego e romano, não
imagina que comportamentos homossexuais e bissexuais eram frequentes e
estimulados no meio dos exércitos, na vida social e na cultura homossocial.
A forma mais difundida e socialmente significativa de relação
sexual íntima entre pessoas do mesmo sexo na Grécia dos períodos arcaico e
clássico era entre adultos e adolescentes, conhecida como pederastia. A
pederastia era associada com a entrada na vida militar e na religião de Zeus. Além
disso, tinha também um caráter pedagógico e a finalidade de transmissão de
conhecimento de homens mais experientes aos jovens.
Parceiros pederastas. |
Os antigos gregos não concebiam a ideia de orientação sexual
como um identificador social, da maneira que as sociedades ocidentais vêm
fazendo ao longo do último século. A sociedade grega não distinguia entre
desejo e comportamento sexual com base no gênero de seus participantes, mas sim
pela extensão com que tais desejos ou comportamentos se conformavam às normas
sociais, que eram baseadas por sua vez no gênero, idade e status social.
De acordo com este ponto de vista, qualquer atividade sexual
onde um homem penetrasse um inferior social seu era tida como normal, como
"inferiores sociais" poderiam estar incluídos mulheres, jovens
rapazes, estrangeiros, prostitutas ou escravos, e ser penetrado, especialmente
por um inferior social, era considerado potencialmente vergonhoso.
Imperador romano Adriano e seu jovem amante Antinous. |
Na realidade romana antiga o comportamento homossexual era
considerado um costume cultural em certas províncias. A bissexualidade era
norma, porém os autores antigos reconhecem que na Roma Antiga havia homens que
mantinham relações sexuais exclusivamente com homens.
“... a compreensão universalizante da sexualidade
baseada na mobilidade multiforme do desejo sexual e na bissexualidade como
potencial em qualquer pessoa”. Sigmund Freud
No período mais expressivo do Império Romano a pederastia
tinha perdido as restrições que possuía em seu status como forma de educação
ritual havia muito tempo e, em seu lugar, se converteu em uma forma de
satisfação do desejo sexual. Contudo, a aceitação social das relações
pederastas e homoeróticas foi diminuindo ao longo dos séculos à medida que se
foi implantando o cristianismo.
Lebrys, um símbolo lésbico e uma arma usada pelas Amazonas. |
Não há muitos registros iconográficos na história antiga da
homossexualidade feminina, porém há referências poéticas e mitológicas como o
caso dos poemas de Safo, uma poetisa grega que vivia na ilha de Lesbos, e das
Amazonas que tinham um sistema de duas rainhas e uma sociedade altamente
feminista.
Em Esparta o estreitamento dos laços entre dois guerreiros
poderia fazer com que estes ficassem mais dispostos a lutar pela cidade-estado.
Além disso, o próprio envolvimento servia de estratégia ao impelir o soldado a
continuar em batalha pelo seu companheiro.
Um dos mais contundentes exemplos desse traço da cultura
espartana pode ser visto na figura do general Pausanias. Na qualidade de
sucessor do rei Leônidas, este conhecido líder militar defendeu a prática homossexual
como sendo uma forma de expressão amorosa superior. Contudo, fazia questão de
criticar severamente esse mesmo costume entre homens que fossem de uma mesma
faixa etária.