sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

RESUMO DO TRABALHO DE FICHAMENTO DE ARTIGO. A TEORIA QUEER E A SOCIOLOGIA: O DESAFIO DE UMA ANALÍTICA DA NORMALIZAÇÃO

Transgeneridade
A ordem social contemporânea é construída através de mecanismos de poder e controle de minorias. Esses mecanismos baseiam-se em ideologias fascistas que segregam seres humanos por etnia, crença, sexo, condição social e etc. Muitas vezes ao longo da história essas ideologias foram usadas, e infelizmente continuam sendo usadas, para justificar genocídios. O Apartheid e o nazismo são bons exemplos de mecanismos de controle social por meio respectivamente da etnia e da crença, e todos nós sabemos o resultado da aplicação dessas ideologias.

Na tentativa de mensurar como a sexualidade hoje constitui a ordem social, surge a Teoria QUEER. A Teoria QUEER estuda como o convívio social e as experiências culturais do individuo formam a sua identidade de gênero e sua orientação sexual, assim sendo, não nascemos com papeis de gênero preestabelecidos, mas desenvolvemos diferentes formas de desempenha-los.


Além disso, QUEER procura ressaltar como a heteronormatividade e o heterossexismo , que são os principais mecanismos de controle das minorias sexuais, criam um ambiente hostil de preconceito para com o Outro. De fato a heterossexualidade não existiria sem a homossexualidade, pois a sociedade é formada justamente por um binarismo hetero/homo, de modo que, para definirmos um ser heterossexual precisamos entender o que é o opositor dele, o ser homossexual.

Teoria QUEER também propõe a mudança do objeto de estudo da minoria para o hegemônico (hetero) partindo do principio de que a heteronormatividade também engendra seres homossexuais. Há dispositivos criados em QUEER que englobam literaturas, enunciados científicos, instituições e proposições morais para o estudo midiático sobre sexualidade e sociedade.

O trabalho, já em dois meses de pesquisa, procura reunir artigos dos principais teóricos QUEER na estrutura de um fichamento para uma melhor compreensão do público por notas explicativas inseridas nos principais pontos. Seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) o trabalho será apresentado à comunidade LGBT, como parte das exigências das pesquisas ativistas sobre ciência gay e homocultura.

Conseguimos por meio do trabalho, ver que a normalização heterossexual que cria seres vistos como desviantes, perversos e até mesmo doentes podem ser encarados como diferentes., o que é marginalizado não deixa de ser importante, mas necessário, porém mantido como inferior e que Teoria QUEER não é só ciência é também política, pois nos permite contestar os processos que utilizam do diferente para justificar a opressão.

Por fim, concluímos que as tentativas da sociologia, da antropologia, da sexologia e da psiquiatria em explicar as sexualidades falham no que tange a racialização do sexo e a sexualização da raça. A teoria QUEER expande o âmbito da análise para abranger todos os tipos de atividades sexuais e de identidades classificados como "normativos" ou "desviantes".

De uma forma geral, é possível afirmar que a teoria QUEER busca ir além das teorias baseadas na oposição homens e mulheres e também aprofundar os estudos sobre minorias sexuais (LGBT) dando maior atenção aos processos sociais amplos e relacionados que sexualizam a sociedade como um todo de forma a heterossexualizar e/ou homossexualizar instituições, discursos e direitos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

DIA DA FAMÍLIA

Família sem configuração.
No último dia 8 foi comemorado o Dia da Família e nessa semana oportunamente ocorreram fatos importantes envolvendo a instituição como a votação do PL 6583/2013 o fascista Estatuto da Família do deputado federal por Pernambuco Anderson Ferreira que iria ser votado na madrugada do dia 9 para o dia 10, porém a reunião da comissão foi adiada para próxima terça-feira (16). O Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) divulgou e reconheceu em suas pesquisas de Registro Civil às uniões civis de pessoas do mesmo sexo. Também nessa semana a Campanha Nacional de Apoio ao Casamento Igualitário lançou nas redes sociais a #NossaFamíliaExiste mostrando os preparativos natalinos de famílias homoafetivas.

Nossa Família Existe.
A família é unidade básica da sociedade formada por indivíduos com ancestrais em comum ou ligada por laços afetivos. Em nenhum momento a família recebe um padrão ou uma receita de como deve ser montada, por isso as configurações e estruturas familiares que temos hoje são as mais variadas.

Há a Família Nuclear, que consiste em duas pessoas adultas (tradicionalmente uma mulher e um homem, mas não necessariamente) e nos seus filhos, biológicos ou adotados, a Família monoparental, quanto só há uma figura dos pais e a Família Consanguínea, constituída da família nuclear mais os parentes diretos.

Nossa Família Existe
Existem também os casos especiais de Famílias Alternativas são elas: as Famílias Comunitárias, onde a responsabilidade da educação e criação dos filhos é descentralizado dos pais e de responsabilidade de toda pessoas adulta e também as Famílias Arco-Íris, constituídas por pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais ou Transgêneros) e os seus filhos.

As famílias são orgânicas, pois os indivíduos que a formam o são e por isso toda tentativa de normalização da família é a autoafirmação do hegemônico de normalidade e autoaceitação. As prerrogativas do Estatuto da Família atropelam não somente famílias LGBTs que tem o reconhecimento do casamento como entidade familiar, por analogia à união estável desde 2011, mas também famílias monoparentais que terão o direito a adoção negado por não se enquadrarem na receita do que é uma família aceitável.  A aprovação do “Estatuto da família” só vai prejudicar a sociedade. Essas famílias vão deixar de ter os direitos civis garantidos por lei.

A pesquisa do IBGE vem justamente para reafirmar que no Brasil são reconhecidos às uniões estáveis homoafetivas todos os direitos conferidos às uniões estáveis entre um homem e uma mulher. As uniões do mesmo sexo utilizam-se das disposições de diversos princípios constitucionais.

A Campanha Nacional de Apoio ao Casamento Igualitário que tem o aval da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio de Janeiro e do deputado federal pelo Rio de Janeiro Jean Wyllys do PSOL, expressa através da #NossaFamíliaExiste a existência das família homoparentais com união registrada em cartório e filhos adotados ou biológicos.

Mais do que estabelecer normas e papéis que identifiquem o que pode ser uma família, essas famílias existem e são formadas naquilo que é mais importante: no amor, no cuidado e na cooperação entre aqueles e aquelas que as formam, e é por isto que muitas famílias estão afirmando, sem medo, que nossa família existe.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

LUGAR

Já algum tempo em que estudo minorias, mais ou menos quatro anos, pode-se perceber que a luta por direitos na verdade é uma busca por um lugar, em igualdade de direitos, dentro de uma estrutura social seja ela, micro (relativo ao ser individual e suas inter-relações), médio (relativos a grupos e seus movimentos) e macro (relativo aos processos de diferenciação).

Os membros de um grupo são ligados por um sistema de relações de obrigação, o processo estruturante desse grupo é responsável por posicionar os indivíduos em seus respectivos lugares.
Em grupo todos são iguais, isto é, todos têm os
mesmos direitos e deveres.

Essa realidade revela padrões, norteia o lugar que pertencemos, o que se espera que façamos e como devemos pensar e agir. O grande problema dessa estruturação é que qualquer individuo que não siga ou fuja desses dispositivos reguladores é tratado como subalterno e lançado na periferia dessa estrutura. Embora esses paradigmas sejam péssimos é um mal necessário, pois nos ensinam a como se relacionar com o Outro.

Luta por território entre leões.
Sempre tentamos afirmar nossos lugares, é assim na natureza selvagem com a demarcação de territórios, no trabalho com a hierarquia das funções, nas famílias e etc. Por vezes essa afirmação, infantilizada no âmago humano, promove competições injustas, violência e repressão. Instala-se então um cabo de guerra entre o desejo de ser livre e a necessidade de partilhar dessa estrutura. Definitivamente o lugar nos confere status em um sistema de posições interligadas.

Focando o nível micro, que é o objetivo desse artigo, veremos como essa relação de poder se da no âmbito familiar por meio da figura masculina.

Família é considerada a célula base da sociedade, e quero ressaltar aqui que não há um padrão orgânico para famílias. A família autoritária maneja de forma monarca a figura paterna, tratado como rei todos devem ouvir e obedecer sem questionar, é bem típico, qualquer ameaça ao poder constituído, não sei de onde, gera feridas intimas de violências silenciosas ou não.

Em casos de famílias homoparentais a relação de poder é horizontal e fraternal, visto a capacidade de composição. Constituída por cônjuges do mesmo sexo, os bastardos podem ser reintegrados, operando, assim, novas configurações familiares.

A imago paterna concentra o principio da autoridade. No entanto, imago paterna não é a mesma coisa que função paterna. A imago do pai concentra a função de repressão e sublimação, que alguns desempenham com destreza quanto tem seus lugares ameaçados.

Indicação de propriedade.
Contudo, afirmação de lugares exige algo que identifique que aquele lugar é seu, pois do contrario não terá direitos sobre ele quando o requerer, quando esse lugar é ocupado por outrem o meio de reconquistá-lo mais usado é o da usurpação, o que é muito engraçado de se ver, porém nesse jogo mesquinho e infantil de poder entra quem quer. O lugar que ocupamos é menos importante do que aquele que nos dirigimos.

Por fim, um sujeito sem lugar é um sujeito sem direitos, ou seja, se não tem direitos não tem deveres, logo, é um sujeito livre.