terça-feira, 25 de novembro de 2014

TIRANDO O CHAPÉU OU NÃO

Silas Malafaia e Raul Gil
No último sábado estava assistindo ao “Programa Raul Gil” no SBT mais especificamente o quadro “Tirando o Chapéu” que contou com a presença do líder religioso Silas Malafaia da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Expressando sua opinião sobre diversas personalidades com seu modo acalorado de discurso, chegamos ao chapéu mais polêmico, o da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), única instituição a ser apresentada dentre os dez chapéus, a qual ele não tirou.

Na sua explicação ele diz que faz uma separação entre os homossexuais e os ativistas gays e que não discute as questões das praticas sexuais, classificado por ele como pecado, e sim de uma ideologia de gênero que, segundo ele, quer se implantar em todo o Brasil.

Segundo ele os ativistas gays querem de certa forma ensinar o “homossexualismo” nas escolas, que causaria uma mudança de paradigmas na sociedade. Ele cita também o PL 5002-2013 do deputado federal do Rio de Janeiro pelo PSOL Jean Wyllys e da deputada federal do Distrito Federal pelo PT Érika Kokay, que dispõe sobre o direito à identidade de gênero.

Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais,
Travestis e Transsexuais.
Realmente dentro da política LGBT e da cultura GLS há certa divisão entre ativistas e não ativistas, o que causa ranhuras e brechas dentro da categoria desfavorecendo a aceitação das políticas apregoadas pelo ativismo.

Políticos cuidam de políticas, ativistas cuidam de causas e pastores cuidam de ovelhas. Silas Malafaia atendendo ao último requisito deveria se ater ao lado religioso do assunto, que é justamente a pratica, coisa que ele não discute. Para discutirmos a ideologia de gênero partimos para o campo do ativismo, estando nessa esfera ele também se torna um ativista, um ativista religioso.

Ideologia de gênero é uma coisa difícil de explicar, porém vou tentar. Primeiramente precisamos nos livrar das ideias da heteronormatividade, heterossexualidade é um dos perfis sexuais dentro da sexualidade humana, existem outros dois a homossexualidade e a bissexualidade.

A maioria das pessoas não entende isso como sendo normal, pois há uma cristonormatividade, que é o pendor dos fundamentalistas, que são ativistas, a colocar todo tema social ou qualquer vivencia nas formas do cristianismo.

Transgeneridade
Orientação sexual e a identidade gênero dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.

Ideologia de Gênero.
Chegamos então ao ponto crucial, a formação da ideologia de gênero, que diz que a criança nasce sem um sexo definido. Quando a criança nasce não deve ser considerada do sexo masculino ou sexo feminino; depois ela fará esta escolha. Essa ideologia já está em vigor em países como a Suécia e a Holanda.

Se eu fosse um ativista extremista concordaria com o parágrafo acima, porém a ideia de ideologia de gênero é um tanto agressiva no que se refere a sexo biológico, creio sim que geneticamente nascemos com um sexo macho ou fêmea, com o passar do tempo adquirimos sim uma identidade de gênero que é como nos entendemos e nos portamos perante a sociedade no trato dos nossos papeis sexuais e por fim chegamos à orientação sexual que é para onde direcionamos nossa libido.

Quando a ensinar o “homossexualismo” na escola, fazendo referencia ao “Kit Gay”, primeiramente já está errado só pelo termo empregado. Ele como psicólogo deveria saber que em 1999, o Conselho Federal de Psicologia formulou a Resolução 001/99, considerando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”, que “há, na sociedade, uma inquietação em torno das práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio-culturalmente” (qual seja, a heterossexualidade), e, especialmente, que “a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações”. Assim, tanto no Brasil como em outros países, cientificamente, homossexualidade não é considerada doença.

Por isso, o sufixo “ismo” (terminologia referente à “doença”) foi substituído por “dade” (que remete a “modo de ser”).

"Kit Gay"
O único erro ou quase erro do “Kit Gay” (conste que votei contra) foi ao tentar distribuir esse material contendo apenas uma face da sexualidade humana, quando ali deveria conter os três perfis. Contudo, que isso sirva de alerta, quanto antes começarmos aulas de educação sexual nas escolas melhor, com isso conseguiríamos um amplo espaço para discussão com as gerações futuras de temas que hoje são um tabu, como por exemplo, o aborto e a homossexualidade.

Paradigma não é uma coisa boa, nunca foi e nunca será por isso precisamos quebrá-los. O grande desafio é quebrá-los de uma forma justa e isso só vamos conseguir com uma educação que nos ensine a pensar e não a obedecer.

Para encerrar o PL 5002-2013 está corretíssimo ao liberar os indivíduos que queiram fazer a Cirurgia de Redesignação Sexual (CRS) de avaliações psicológicas, visto que isso não é nenhuma doença ou transtorno psicológico. Todos são livres para fazer uso e transformações em seus corpos que melhor lhe aprouver sem que tenha uma pessoa que diga “isso é errado, você está doente”.



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