Na última quarta-feira (21) celebrou-se o Dia Nacional de
Combate a Intolerância Religiosa. Atualmente a Constituição brasileira prevê a
liberdade religiosa com suas diferentes liturgias separando sempre o Estado da Igreja,
sendo assim, o Brasil um Estado laico.
Até então o Estado laico não é a garantia da laicidade do
Estado, a laicidade permiti instaurar a separação da sociedade civil e das
religiões, não exercendo o Estado qualquer poder religioso e as igrejas
qualquer poder político. Obviamente que se existem partidos políticos regidos
por preceitos religiosos aplicáveis a políticas e autoridades religiosas que
arrebanham votos por meio das igrejas, a laicidade é latente.
Umbanda, uma religião de matriz africana. |
A intolerância religiosa no Brasil tem raízes étnico-culturais
arraigadas no inicio da colonização. Portugal um país católico ao chegar ao
Brasil tinham a seguinte ideia sobre os índios – “eles [os índios] são um povo
sem fé, sem lei e sem rei”, logo, eram passíveis do extermínio caso não
aceitassem a catequese. Mais adiante na história os negros empregados como mão
de obra escrava possuíam religiões de matriz africana ou afro-brasileiras como
a umbanda. Para os católicos, que tem seus santos personificados nas religiões
afro-brasileiras, o “homem de cor” (brasileiro) praticante de umbanda
encontrava-se em uma situação marcada pela miséria material e moral.
Encontramos então a ramificação socioeconômica da intolerância religiosa.
Já falei e torno a repetir que a mistura do Estado com a
religião, seja ela qual for, é condenar os cidadãos a uma falácia anunciada.
Porém não quero entrar nesse mérito, pois já discorri sobre em outro artigo.
Mas a própria intolerância religiosa possui raízes, por incrível que pareça,
religiosas. As diferentes formas que o divino é representado mais
especificamente à figura de Jesus é motivo de discórdia e as expressões deste
são completamente rechaçadas pela maioria cristã no Brasil.
Não somente minorias religiosas sofrem com o preconceito,
mas também as religiões majoritárias. Os católicos são altamente criticados por
protestantes de serem hereges e idólatras e tem seus santos quebrados e
cuspidos por pastores. Os protestantes também são vitimas do preconceito quando
o assunto é dinheiro, pastores são acusados de lavagem cerebral e estelionato
ao pregar sobre o dízimo.
Ateísmo - o direito a não crença. |
Mas o que mais me chama a atenção é o fato de que nem o
direito a não crença é respeitado. Uma pesquisa realizada pela CNT/Sensus em
2007 constatou que os brasileiros preferem um negro, uma mulher ou um
homossexual na presidência da republica do que um ateu. Isso por que o
imaginário social do ateu é que são sujeitos sem caráter, sem ética e sem moral,
como se as pessoas fossem obrigadas a ter uma religião e um Deus para ter essas
coisas.
Tolerar não significa apoiar o ecumenismo e nem o
sincretismo religioso e sim permitir tacitamente que as liturgias sejam
expressas, dentro dos limites legais, sem restrições, radicalismo e extremismo.
Enfim, o mundo possui exemplos bons do que é a tolerância
religiosa que deveriam servir de exemplo. Posso citar aqui o Templo de Santa
Sofia na Turquia, país majoritariamente muçulmano, onde cultos no templo são
divididos semanalmente entre muçulmanos e cristãos. O próprio Taj Mahal,
construído em um país hinduísta, porém com arquitetura muçulmana, é dividido
pacificamente entre essas religiões.
Sinônimo de tolerância religiosa o Templo de Santa Sofia em Istanbul reúne pacificamente muçulmanos e cristãos. |
Sinônimo de tolerância religiosa o Taj Mahal em Agra reúne pacificamente hindus e muçulmanos. |
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