terça-feira, 27 de janeiro de 2015

21 DE JANEIRO - DIA NACIONAL DE COMBATE A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Na última quarta-feira (21) celebrou-se o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa. Atualmente a Constituição brasileira prevê a liberdade religiosa com suas diferentes liturgias separando sempre o Estado da Igreja, sendo assim, o Brasil um Estado laico.

Até então o Estado laico não é a garantia da laicidade do Estado, a laicidade permiti instaurar a separação da sociedade civil e das religiões, não exercendo o Estado qualquer poder religioso e as igrejas qualquer poder político. Obviamente que se existem partidos políticos regidos por preceitos religiosos aplicáveis a políticas e autoridades religiosas que arrebanham votos por meio das igrejas, a laicidade é latente.

Umbanda, uma religião de matriz africana.
A intolerância religiosa no Brasil tem raízes étnico-culturais arraigadas no inicio da colonização. Portugal um país católico ao chegar ao Brasil tinham a seguinte ideia sobre os índios – “eles [os índios] são um povo sem fé, sem lei e sem rei”, logo, eram passíveis do extermínio caso não aceitassem a catequese. Mais adiante na história os negros empregados como mão de obra escrava possuíam religiões de matriz africana ou afro-brasileiras como a umbanda. Para os católicos, que tem seus santos personificados nas religiões afro-brasileiras, o “homem de cor” (brasileiro) praticante de umbanda encontrava-se em uma situação marcada pela miséria material e moral. Encontramos então a ramificação socioeconômica da intolerância religiosa.

Já falei e torno a repetir que a mistura do Estado com a religião, seja ela qual for, é condenar os cidadãos a uma falácia anunciada. Porém não quero entrar nesse mérito, pois já discorri sobre em outro artigo. Mas a própria intolerância religiosa possui raízes, por incrível que pareça, religiosas. As diferentes formas que o divino é representado mais especificamente à figura de Jesus é motivo de discórdia e as expressões deste são completamente rechaçadas pela maioria cristã no Brasil.

Não somente minorias religiosas sofrem com o preconceito, mas também as religiões majoritárias. Os católicos são altamente criticados por protestantes de serem hereges e idólatras e tem seus santos quebrados e cuspidos por pastores. Os protestantes também são vitimas do preconceito quando o assunto é dinheiro, pastores são acusados de lavagem cerebral e estelionato ao pregar sobre o dízimo.

Ateísmo - o direito a não crença.
Mas o que mais me chama a atenção é o fato de que nem o direito a não crença é respeitado. Uma pesquisa realizada pela CNT/Sensus em 2007 constatou que os brasileiros preferem um negro, uma mulher ou um homossexual na presidência da republica do que um ateu. Isso por que o imaginário social do ateu é que são sujeitos sem caráter, sem ética e sem moral, como se as pessoas fossem obrigadas a ter uma religião e um Deus para ter essas coisas.

Tolerar não significa apoiar o ecumenismo e nem o sincretismo religioso e sim permitir tacitamente que as liturgias sejam expressas, dentro dos limites legais, sem restrições, radicalismo e extremismo.

Enfim, o mundo possui exemplos bons do que é a tolerância religiosa que deveriam servir de exemplo. Posso citar aqui o Templo de Santa Sofia na Turquia, país majoritariamente muçulmano, onde cultos no templo são divididos semanalmente entre muçulmanos e cristãos. O próprio Taj Mahal, construído em um país hinduísta, porém com arquitetura muçulmana, é dividido pacificamente entre essas religiões.

Sinônimo de tolerância religiosa o Templo de Santa Sofia
em Istanbul reúne pacificamente muçulmanos e cristãos.
Sinônimo de tolerância religiosa o Taj Mahal
em Agra reúne pacificamente hindus e muçulmanos.

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