Nessa semana estava assistindo ao Jornal do SBT e vi uma
reportagem sobre as condições do sistema prisional brasileiro que como sempre
anda superlotado. Essa superlotação vem acompanhada de péssimas condições de
saúde e higiene nos presídios. Mediante essa situação um caso em particular
chamou a atenção do Supremo Tribunal Federal (STF), o detento Anderson Nunes da
Silva entrou na justiça contra o Estado do Mato Grosso do Sul (MS) denunciando
as condições degradantes e sub-humanas do presídio de Corumbá.
Presídio de Corumbá |
Anderson N. da Silva condenado a 20 anos de prisão por
latrocínio (roubo seguido de morte) cumpre pena em condições não só
juridicamente ilegítimas, mas humanamente ultrajantes. A denúncia levou ao
ministro Teori Zavaski propor o pagamento de uma indenização de R$2.000,00 por
danos morais.
Manifestações contra decisões obviamente corretas me
espantam. As pessoas que cometem crimes e hoje estão presas pagando com a
privação da liberdade não perdem a condição humana de ser por mais hediondo
crime cometido. O preso sim tem o direito de procurar um defensor público para
representa-lo perante tribunal para pleitear sobre suas reivindicações.
Presídio de Corumbá |
Ambientes que desrespeitam os mínimos Direitos Humanos nunca
vão engendrar seres humanos, os presídios sob esse regime não tem função de
correção e sim de punição, contudo qual o objetivo de castigar por castigar?
Tem que haver dentro dos presídios programas de ressocialização por meio de
políticas humanísticas, do contrário, as prisões brasileiras continuaram
funcionando como escolas do aprimoramento criminal.
Tenho certeza que as pessoas contra a decisão do pagamento
da indenização não a entendem como uma critica da margem a um desrespeito e uma
violência social cometida inconscientemente pelos cidadãos livres e promovida
pelo governo e principalmente pela mídia. Talvez as pessoas não se lembrem do
caso Pizzolato condenado no processo do mensalão que fugiu para a Itália e teve
o pedido de extradição negado pela justiça italiana baseada justamente no risco
do preso receber tratamento degradante no sistema prisional brasileiro.
A administração penitenciária precisa desenvolver
estratégias para desafogar o sistema, como por exemplo, fortalecer a defensoria
pública, mutirões para libertar réus que já cumpriram a pena e continuam presos
e direito ao trabalho externo.
Efetivar o direito ao trabalho e estudo dos apenados como
uma forma de preparar a inclusão social. Colônias para trabalho. Manter a atual
maioridade penal em 18 anos, como estabelecido no Estatuto da Criança e do
Adolescente, acreditando no investimento em educação, recuperação e em planejamento
familiar. Apoio ao acolhimento no serviço público e privado de condenados por
delitos leves que podem já trabalhar nos regimes abertos e semiabertos.
Organizar um sistema de oportunidade de trabalho para réus que já tenham
cumprido pena para prevenir a reincidência.
Enquanto isso os hipócritas continuam reclamando do
transporte público apertado que eles são obrigados a tomar, mas os presos podem
ficar na clausura enlatados como sardinhas. Justo?
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