Já algum tempo em que estudo minorias, mais ou menos quatro
anos, pode-se perceber que a luta por direitos na verdade é uma busca por um
lugar, em igualdade de direitos, dentro de uma estrutura social seja ela, micro
(relativo ao ser individual e suas inter-relações), médio (relativos a grupos e
seus movimentos) e macro (relativo aos processos de diferenciação).
Os membros de um grupo são ligados por um sistema de
relações de obrigação, o processo estruturante desse grupo é responsável por
posicionar os indivíduos em seus respectivos lugares.
Em grupo todos são iguais, isto é, todos têm os mesmos direitos e deveres. |
Essa realidade revela padrões, norteia o lugar que
pertencemos, o que se espera que façamos e como devemos pensar e agir. O grande
problema dessa estruturação é que qualquer individuo que não siga ou fuja
desses dispositivos reguladores é tratado como subalterno e lançado na
periferia dessa estrutura. Embora esses paradigmas sejam péssimos é um mal
necessário, pois nos ensinam a como se relacionar com o Outro.
Luta por território entre leões. |
Sempre tentamos afirmar nossos lugares, é assim na natureza
selvagem com a demarcação de territórios, no trabalho com a hierarquia das
funções, nas famílias e etc. Por vezes essa afirmação, infantilizada no âmago
humano, promove competições injustas, violência e repressão. Instala-se então
um cabo de guerra entre o desejo de ser livre e a necessidade de partilhar
dessa estrutura. Definitivamente o lugar nos confere status em um sistema de
posições interligadas.
Focando o nível micro, que é o objetivo desse artigo,
veremos como essa relação de poder se da no âmbito familiar por meio da figura
masculina.
Família é considerada a célula base da sociedade, e quero
ressaltar aqui que não há um padrão orgânico para famílias. A família
autoritária maneja de forma monarca a figura paterna, tratado como rei todos
devem ouvir e obedecer sem questionar, é bem típico, qualquer ameaça ao poder
constituído, não sei de onde, gera feridas intimas de violências silenciosas ou
não.
Em casos de famílias homoparentais a relação de poder é
horizontal e fraternal, visto a capacidade de composição. Constituída por
cônjuges do mesmo sexo, os bastardos podem ser reintegrados, operando, assim,
novas configurações familiares.
A imago paterna concentra o principio da autoridade. No
entanto, imago paterna não é a mesma coisa que função paterna. A imago do pai
concentra a função de repressão e sublimação, que alguns desempenham com
destreza quanto tem seus lugares ameaçados.
Indicação de propriedade. |
Contudo, afirmação de lugares exige algo que identifique que
aquele lugar é seu, pois do contrario não terá direitos sobre ele quando o
requerer, quando esse lugar é ocupado por outrem o meio de reconquistá-lo mais
usado é o da usurpação, o que é muito engraçado de se ver, porém nesse jogo
mesquinho e infantil de poder entra quem quer. O lugar que ocupamos é menos
importante do que aquele que nos dirigimos.
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