segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

LUGAR

Já algum tempo em que estudo minorias, mais ou menos quatro anos, pode-se perceber que a luta por direitos na verdade é uma busca por um lugar, em igualdade de direitos, dentro de uma estrutura social seja ela, micro (relativo ao ser individual e suas inter-relações), médio (relativos a grupos e seus movimentos) e macro (relativo aos processos de diferenciação).

Os membros de um grupo são ligados por um sistema de relações de obrigação, o processo estruturante desse grupo é responsável por posicionar os indivíduos em seus respectivos lugares.
Em grupo todos são iguais, isto é, todos têm os
mesmos direitos e deveres.

Essa realidade revela padrões, norteia o lugar que pertencemos, o que se espera que façamos e como devemos pensar e agir. O grande problema dessa estruturação é que qualquer individuo que não siga ou fuja desses dispositivos reguladores é tratado como subalterno e lançado na periferia dessa estrutura. Embora esses paradigmas sejam péssimos é um mal necessário, pois nos ensinam a como se relacionar com o Outro.

Luta por território entre leões.
Sempre tentamos afirmar nossos lugares, é assim na natureza selvagem com a demarcação de territórios, no trabalho com a hierarquia das funções, nas famílias e etc. Por vezes essa afirmação, infantilizada no âmago humano, promove competições injustas, violência e repressão. Instala-se então um cabo de guerra entre o desejo de ser livre e a necessidade de partilhar dessa estrutura. Definitivamente o lugar nos confere status em um sistema de posições interligadas.

Focando o nível micro, que é o objetivo desse artigo, veremos como essa relação de poder se da no âmbito familiar por meio da figura masculina.

Família é considerada a célula base da sociedade, e quero ressaltar aqui que não há um padrão orgânico para famílias. A família autoritária maneja de forma monarca a figura paterna, tratado como rei todos devem ouvir e obedecer sem questionar, é bem típico, qualquer ameaça ao poder constituído, não sei de onde, gera feridas intimas de violências silenciosas ou não.

Em casos de famílias homoparentais a relação de poder é horizontal e fraternal, visto a capacidade de composição. Constituída por cônjuges do mesmo sexo, os bastardos podem ser reintegrados, operando, assim, novas configurações familiares.

A imago paterna concentra o principio da autoridade. No entanto, imago paterna não é a mesma coisa que função paterna. A imago do pai concentra a função de repressão e sublimação, que alguns desempenham com destreza quanto tem seus lugares ameaçados.

Indicação de propriedade.
Contudo, afirmação de lugares exige algo que identifique que aquele lugar é seu, pois do contrario não terá direitos sobre ele quando o requerer, quando esse lugar é ocupado por outrem o meio de reconquistá-lo mais usado é o da usurpação, o que é muito engraçado de se ver, porém nesse jogo mesquinho e infantil de poder entra quem quer. O lugar que ocupamos é menos importante do que aquele que nos dirigimos.

Por fim, um sujeito sem lugar é um sujeito sem direitos, ou seja, se não tem direitos não tem deveres, logo, é um sujeito livre.

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