Uma importante ferramenta no processo de identificação do Eu
para os jovens são as tribos. As tribos constituem uma subcultura formada por
pessoas com interesses em comuns que expressão através de pensamentos, roupas e
hábitos ideais compartilhados pelo grupo. A identificação tribal urbana permite
ao jovem o inicio do processo de emancipação familiar, de autonomia e do
desempenho dos papéis sociais. A construção do coletivo comum propõem a
autoafirmação de “quem eu sou” e a livre expressão do “que eu gosto”. Esse
processo ocorre com todos, em uns mais fortes do que em outros, e nos dá a
sensação de pertencimento e nos cria como sujeitos únicos, mas não inteiros.
Seguindo a proposta de Michel Foucault e da Teoria Queer,
que dispõem dos processos sociais regidos pela sexualidade, as tribos têm
diferentes ramificações dentro das diferentes sexualidades. Seguindo as
tendências do ativismo focarei na concepção ideológica do que são as tribos
LGBT.
Tribos urbanas. |
O processo de afirmação do Eu homossexual é mais complexo e
dispõem de mais energias para efetivar-se. Enquanto a construção da
identificação do Ser homossexual ocorre, eles se resguardam no armário, em um
processo conhecido como inside, a
mais cara etapa dessa construção é o PRIDE
(orgulho), por isso que sempre se falou em “Parada do Orgulho LGBT” em uma
tentativa de afirmação do coletivo frente ao hegemônico heterossexual e suas
manifestações. Essa última etapa é dispensável para os heterossexuais visto que
os mesmo são criados como “normais” e “superiores”. Por fim, ocorre o outside, que é à saída do armário.
Apesar de o sujeito homossexual apresentar homofobia
internalizada durante o processo educacional, ao conseguir resolver seus
monstros interiores ele consegue expressar seus desejos e individualidades sem
sentir vergonha de si. Só assim ele consegue espelhar-se em uma tribo e depois
relacionar-se com seus pares. A aqueles também que utilizam o processo de
identificação tribal para assumir-se de uma forma menos abrupta.
A identificação tribal urbana, que atende ambas as
sexualidades, pode ser mantida pelo sujeito homossexual desde que não haja
incompatibilidades de pensamentos quanto às minorias sexuais. Contudo há tribos
especificamente voltadas as camadas LGBTs. As tribos propõem uma cultura informal
onde todos estão ligados pelos laços da solidariedade e suas interações, muitas
vezes, priorizam o “aqui agora”.
Por vezes, essa identificação é tão grande que acaba por
estimular a agressividade e a violência no jovem quando o mesmo é confrontado
por sua identidade, e, o que era para ser um processo de sociabilizarão e
aceitação perante o todo acaba virando exatamente o contrario, um processo de
anti-sociabilizarão o que torna a tribo famigerada.
As relações harmônicas entre as tribos e entre as tribos e a
sociedade está justamente na manutenção da linha tênue entre
liberdade/libertinagem e respeito/desrespeito não em ser como é, mas sim na
expressão do ser.
O caro não vive sem o barato e o hétero não vive
sem o gay. Nossa cultura precisa de opostos para conseguir definir as coisas, já
que definições é uma obsessão humana, e para hierarquizar conceitos, o que é
outra das nossas (lamentáveis) manias. Evidentemente que isso gera muitos
problemas, mas tanta catalogação também nos divide em subgrupos com culturas
próprias, o que pode ser enriquecedor ou só divertido mesmo.
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