segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

TRIBOS GAYS NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO

Uma importante ferramenta no processo de identificação do Eu para os jovens são as tribos. As tribos constituem uma subcultura formada por pessoas com interesses em comuns que expressão através de pensamentos, roupas e hábitos ideais compartilhados pelo grupo. A identificação tribal urbana permite ao jovem o inicio do processo de emancipação familiar, de autonomia e do desempenho dos papéis sociais. A construção do coletivo comum propõem a autoafirmação de “quem eu sou” e a livre expressão do “que eu gosto”. Esse processo ocorre com todos, em uns mais fortes do que em outros, e nos dá a sensação de pertencimento e nos cria como sujeitos únicos, mas não inteiros.

Seguindo a proposta de Michel Foucault e da Teoria Queer, que dispõem dos processos sociais regidos pela sexualidade, as tribos têm diferentes ramificações dentro das diferentes sexualidades. Seguindo as tendências do ativismo focarei na concepção ideológica do que são as tribos LGBT.
Tribos urbanas.

O processo de afirmação do Eu homossexual é mais complexo e dispõem de mais energias para efetivar-se. Enquanto a construção da identificação do Ser homossexual ocorre, eles se resguardam no armário, em um processo conhecido como inside, a mais cara etapa dessa construção é o PRIDE (orgulho), por isso que sempre se falou em “Parada do Orgulho LGBT” em uma tentativa de afirmação do coletivo frente ao hegemônico heterossexual e suas manifestações. Essa última etapa é dispensável para os heterossexuais visto que os mesmo são criados como “normais” e “superiores”. Por fim, ocorre o outside, que é à saída do armário.

Apesar de o sujeito homossexual apresentar homofobia internalizada durante o processo educacional, ao conseguir resolver seus monstros interiores ele consegue expressar seus desejos e individualidades sem sentir vergonha de si. Só assim ele consegue espelhar-se em uma tribo e depois relacionar-se com seus pares. A aqueles também que utilizam o processo de identificação tribal para assumir-se de uma forma menos abrupta.

A identificação tribal urbana, que atende ambas as sexualidades, pode ser mantida pelo sujeito homossexual desde que não haja incompatibilidades de pensamentos quanto às minorias sexuais. Contudo há tribos especificamente voltadas as camadas LGBTs. As tribos propõem uma cultura informal onde todos estão ligados pelos laços da solidariedade e suas interações, muitas vezes, priorizam o “aqui agora”.

Por vezes, essa identificação é tão grande que acaba por estimular a agressividade e a violência no jovem quando o mesmo é confrontado por sua identidade, e, o que era para ser um processo de sociabilizarão e aceitação perante o todo acaba virando exatamente o contrario, um processo de anti-sociabilizarão o que torna a tribo famigerada.

As relações harmônicas entre as tribos e entre as tribos e a sociedade está justamente na manutenção da linha tênue entre liberdade/libertinagem e respeito/desrespeito não em ser como é, mas sim na expressão do ser.

O caro não vive sem o barato e o hétero não vive sem o gay. Nossa cultura precisa de opostos para conseguir definir as coisas, já que definições é uma obsessão humana, e para hierarquizar conceitos, o que é outra das nossas (lamentáveis) manias. Evidentemente que isso gera muitos problemas, mas tanta catalogação também nos divide em subgrupos com culturas próprias, o que pode ser enriquecedor ou só divertido mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário