Capa do jornal que deu origem ao conflito. |
Na última quarta-feira (7) ocorreu um ataque à sede do
jornal semanal Charlie Hebdo que fica em Paris capital francesa. O ataque
responsabilizado pela rede terrorista Al-Qaeda matou 12 pessoas. O motivo foi
uma imagem, publicada na capa do jornal, que aparentemente zombava do
islamismo.
Essa situação acende um debate sobre xenofobia, guerra
cultural e liberdade de expressão, que abrange o campo social, político e
religioso. Mais do que um jornal Charlie Hebdo ocupa um lugar de fala
(esquerda) e de critica política por meio das sátiras de seus editores, por
vezes, grosseira e agressiva.
Muçulmanos franceses protestam contra grupos extremistas. |
A França tem a maior população muçulmana da Europa, cerca de
2,1 milhões de adeptos, e essa guerra ideológica e física faz parte, mais uma
vez, de uma tentativa de formar uma identidade nacional ou étnica pura. A Europa de um
modo geral, através de seus líderes mais expressivos, tem um sentimento de
pertencimento aflorado, herança da época das grandes navegações onde a Europa
colonizou várias partes do mundo. Do outro lado os radicais islâmicos tentam
polarizar a França e tornar os muçulmanos temidos e odiados, o que, segundo
eles, empurrariam os mesmos a causa radical.
O grande problema com o ativismo radical é que os atos
irresponsáveis deflagrados por seus adeptos caem nas costas de toda a classe.
Nesse caso, há um recrudescimento da discriminação provocada pela xenofobia,
que é a aversão ao estranho ou estrangeiro, a desconfiança em relação a pessoas
estranhas ao meio daquele que as julga ou que vêm de fora do seu país. Incluindo
o medo de perda de identidade, suspeição acerca de suas atividades, agressão e
desejo de eliminar a sua presença para assegurar uma suposta pureza.
Liberdade religiosa. |
Além disso, há um preconceito referente apenas aos
islâmicos, a islamofobia, que cresceu nos últimos anos. Mas é importante
ressaltar que nem todo árabe, que é uma identidade étnica, por vezes,
confundida com identidade cultural, é muçulmano, que é uma identidade
religiosa. Por tanto, há de se diferenciar religião, etnia e fundamentalismo
religioso para se evitar a xenofobia e efetivar o combate da atual “Guerra
Santa”.
As pessoas devem ter o direito incondicional de expressar
sua religião com suas liturgias, desde que não fira a liberdade de outrem.
Contudo isso é um direito dos regimes políticos democráticos das nações
ocidentais.
Liberdade de expressão. |
Há um grande problema quando veículos de comunicação adotam
uma posição política, pois aí a liberdade de imprensa é permeada por princípios
ideológicos da posição que se ocupa. A liberdade de imprensa é tida como
positiva porque incentiva a difusão de múltiplos pontos de vista, incentivando
o debate e por aumentar o acesso à informação e promover a troca de ideias de
forma a reduzir e prevenir tensões e conflitos.
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