quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

CRÍTICA AO FILME: "ALÉM DA FRONTEIRA"

Cartaz do filme.
O filme “Além da Fronteira”, um romance dramático, dirigido por Michael Mayer e lançado em 2013, conta a história de amor de dois jovens, Nimer (Nicholas Jacob), um palestino que estuda em Israel, e Roy (Michael Aloni), um advogado israelense.

Está para ser criada ainda uma história com tantos conflitos que extrapolem o romance romântico. O filme traz uma releitura contextualizada e muito mais conflituosa do caso Romeu e Julieta, pois atinge vários pontos de atrito da realidade judaico-palestina. Além do afeto punível com a morte do lado muçulmano, há também conflitos religiosos, que se mistura aos conflitos culturais e étnicos, que se arrastam deste Caim e Abel, Isaque e Ismael, Jacó e Esaú, e conflitos sociopolíticos eternizados na busca por territórios.

Israel é um país onde as fronteiras são muito mais psicológicas do que físicas. Apesar de haver muros, que são símbolos da segregação de pessoas, que sim, são capazes de amar umas as outras independente da religião, deixa passar em suas fronteiras, com devida autorização, jovens palestinos que, ao contrário de seus compatriotas radicais, acreditam que o estudo e a educação promovem a paz mais eficazmente do que a guerra. Isso leva a um processo conhecido como “fuga de cérebros” que desabona ainda mais a Palestina e seus cidadãos.

O conflito judaico-palestino deixa marcas de sangue
em ambos os lados.
Essa é a situação vivida por Nimer que em busca de um futuro melhor consegue uma autorização estudantil para entrar nos territórios israelenses. A partir daí ele começa a ser vitima da desconfiança de sua família, principalmente de seu irmão mais velho, um rebelde militante que acredita no poder das armas como ferramenta para a liberdade.

Em uma das noites em Israel ele visita uma boate gay onde trabalhava um amigo palestino Mustafa (Loai Nofi), e acaba conhecendo Roy, que diferentemente dele tinha uma vida estável, um trabalho descente no escritório de seu pai e uma família estruturada. A partir de então os dois começam a ter um relacionamento aberto do lado judeu e fechado no lado muçulmano.

Os personagens principais Roy (Michael Aloni)
e Nimer (Nicholas Jacob).
O medo e o preconceito fizeram com que os recém-parceiros levassem esse relacionamento dentro dos limites do armário o que aumentou ainda mais a desconfiança da família de Nimer e que atraiu a atenção do serviço secreto israelense, que confisca a autorização estudantil de Nimer, e entrega Mustafa, que trabalhava como agente duplo, nas mãos dos militantes palestinos que por fim o executam quando ele deixa de ser interessante aos seus planos. A homossexualidade de Nimer é descoberta e ele é expulso de casa.

Encaminhando já para o fim do filme, Nimer na condição desproporcional de “ameaça ao estado israelense” e de “traidor” pelos militantes palestinos se vê acuado em um campo minado, Roy tenta de tudo, através de seus contatos, conseguir um visto de permanência e até mesmo de refugiado e posterior asilo político, porém sem sucesso.

O fim do filme é vago, porém revela a força do amor e os caminhos que ele encontra para efetivar-se. Diferentemente dos romances conflituosos esse não acaba em sexo nem em morte, mas com um toque de neutralidade e incertezas. Enfim a solução para Roy e Nimer é extrema, mas inevitável.

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