Cartaz do filme. |
O filme “Além da Fronteira”, um romance dramático,
dirigido por Michael Mayer e lançado em 2013, conta a história de amor de dois
jovens, Nimer (Nicholas Jacob), um palestino
que estuda em Israel, e Roy (Michael Aloni), um advogado israelense.
Está para ser criada
ainda uma história com tantos conflitos que extrapolem o romance romântico. O
filme traz uma releitura contextualizada e muito mais conflituosa do caso Romeu
e Julieta, pois atinge vários pontos de atrito da realidade judaico-palestina.
Além do afeto punível com a morte do lado muçulmano, há também conflitos
religiosos, que se mistura aos conflitos culturais e étnicos, que se arrastam
deste Caim e Abel, Isaque e Ismael, Jacó e Esaú, e conflitos sociopolíticos
eternizados na busca por territórios.
Israel é um país onde
as fronteiras são muito mais psicológicas do que físicas. Apesar de haver
muros, que são símbolos da segregação de pessoas, que sim, são capazes de amar
umas as outras independente da religião, deixa passar em suas fronteiras, com
devida autorização, jovens palestinos que, ao contrário de seus compatriotas
radicais, acreditam que o estudo e a educação promovem a paz mais eficazmente
do que a guerra. Isso leva a um processo conhecido como “fuga de cérebros” que
desabona ainda mais a Palestina e seus cidadãos.
Essa é a situação
vivida por Nimer que em busca de um futuro melhor consegue uma autorização
estudantil para entrar nos territórios israelenses. A partir daí ele começa a
ser vitima da desconfiança de sua família, principalmente de seu irmão mais
velho, um rebelde militante que acredita no poder das armas como ferramenta
para a liberdade.
Em uma das noites em
Israel ele visita uma boate gay onde trabalhava um amigo palestino Mustafa (Loai
Nofi), e acaba conhecendo Roy, que diferentemente dele tinha uma vida estável,
um trabalho descente no escritório de seu pai e uma família estruturada. A
partir de então os dois começam a ter um relacionamento aberto do lado judeu e
fechado no lado muçulmano.
Os personagens principais Roy (Michael Aloni) e Nimer (Nicholas Jacob). |
O medo e o preconceito
fizeram com que os recém-parceiros levassem esse relacionamento dentro dos
limites do armário o que aumentou ainda mais a desconfiança da família de Nimer
e que atraiu a atenção do serviço secreto israelense, que confisca a
autorização estudantil de Nimer, e entrega Mustafa, que trabalhava como agente
duplo, nas mãos dos militantes palestinos que por fim o executam quando ele deixa de ser interessante aos seus planos. A homossexualidade de Nimer é
descoberta e ele é expulso de casa.
Encaminhando já para o
fim do filme, Nimer na condição desproporcional de “ameaça ao estado
israelense” e de “traidor” pelos militantes palestinos se vê acuado em um campo
minado, Roy tenta de tudo, através de seus contatos, conseguir um visto de
permanência e até mesmo de refugiado e posterior asilo político, porém sem
sucesso.
O fim do filme é vago, porém revela a força do amor e os caminhos que
ele encontra para efetivar-se. Diferentemente dos romances conflituosos esse
não acaba em sexo nem em morte, mas com um toque de neutralidade e incertezas.
Enfim a solução para Roy e Nimer é extrema, mas inevitável.
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