segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

TRIBOS GAYS NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO

Uma importante ferramenta no processo de identificação do Eu para os jovens são as tribos. As tribos constituem uma subcultura formada por pessoas com interesses em comuns que expressão através de pensamentos, roupas e hábitos ideais compartilhados pelo grupo. A identificação tribal urbana permite ao jovem o inicio do processo de emancipação familiar, de autonomia e do desempenho dos papéis sociais. A construção do coletivo comum propõem a autoafirmação de “quem eu sou” e a livre expressão do “que eu gosto”. Esse processo ocorre com todos, em uns mais fortes do que em outros, e nos dá a sensação de pertencimento e nos cria como sujeitos únicos, mas não inteiros.

Seguindo a proposta de Michel Foucault e da Teoria Queer, que dispõem dos processos sociais regidos pela sexualidade, as tribos têm diferentes ramificações dentro das diferentes sexualidades. Seguindo as tendências do ativismo focarei na concepção ideológica do que são as tribos LGBT.
Tribos urbanas.

O processo de afirmação do Eu homossexual é mais complexo e dispõem de mais energias para efetivar-se. Enquanto a construção da identificação do Ser homossexual ocorre, eles se resguardam no armário, em um processo conhecido como inside, a mais cara etapa dessa construção é o PRIDE (orgulho), por isso que sempre se falou em “Parada do Orgulho LGBT” em uma tentativa de afirmação do coletivo frente ao hegemônico heterossexual e suas manifestações. Essa última etapa é dispensável para os heterossexuais visto que os mesmo são criados como “normais” e “superiores”. Por fim, ocorre o outside, que é à saída do armário.

Apesar de o sujeito homossexual apresentar homofobia internalizada durante o processo educacional, ao conseguir resolver seus monstros interiores ele consegue expressar seus desejos e individualidades sem sentir vergonha de si. Só assim ele consegue espelhar-se em uma tribo e depois relacionar-se com seus pares. A aqueles também que utilizam o processo de identificação tribal para assumir-se de uma forma menos abrupta.

A identificação tribal urbana, que atende ambas as sexualidades, pode ser mantida pelo sujeito homossexual desde que não haja incompatibilidades de pensamentos quanto às minorias sexuais. Contudo há tribos especificamente voltadas as camadas LGBTs. As tribos propõem uma cultura informal onde todos estão ligados pelos laços da solidariedade e suas interações, muitas vezes, priorizam o “aqui agora”.

Por vezes, essa identificação é tão grande que acaba por estimular a agressividade e a violência no jovem quando o mesmo é confrontado por sua identidade, e, o que era para ser um processo de sociabilizarão e aceitação perante o todo acaba virando exatamente o contrario, um processo de anti-sociabilizarão o que torna a tribo famigerada.

As relações harmônicas entre as tribos e entre as tribos e a sociedade está justamente na manutenção da linha tênue entre liberdade/libertinagem e respeito/desrespeito não em ser como é, mas sim na expressão do ser.

O caro não vive sem o barato e o hétero não vive sem o gay. Nossa cultura precisa de opostos para conseguir definir as coisas, já que definições é uma obsessão humana, e para hierarquizar conceitos, o que é outra das nossas (lamentáveis) manias. Evidentemente que isso gera muitos problemas, mas tanta catalogação também nos divide em subgrupos com culturas próprias, o que pode ser enriquecedor ou só divertido mesmo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

PL 5002

O PL 5002-13 também conhecido como Lei João W. Nery, dispõem sobre o direito à identidade de gênero dos indivíduos transexuais, travestis, transgêneros e intersexuais. De autoria dos deputados federais Jean Wyllys do PSOL/RJ e Érika Kokay PT/DF o projeto aguarda designação de relator na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).

Primeiramente a identidade de gênero é a forma como a pessoa quer se relacionar, quer ser respeitada, quer interagir, no que diz respeito a uma postura social de homem ou mulher. As pessoas transgêneros, ou seja, que a identidade de gênero não corresponde ao sexo biológico, sofrem uma guerra internalizada com seus corpos antecipadamente definidos e o gênero que está na cabeça. Elas habitam uma pele que não lhes cabe, ou é muito justa ou muito folgada.

Até mesmo o processo de identificação é mais complicado para as pessoas transgêneros. Enquanto que para gays, lésbicas e bissexuais a saída do armário lhes é suficiente os transgêneros passam por uma saga. Encarar todo o processo de redesignação sexual e toda a burocracia nas mudanças de documentos, além do preconceito e da falta de respeito quanto o uso do nome social que é uma das piores violências à classe.

Muitas vezes queremos certezas, documentos, explicações que justifiquem a inclusão de uma pessoa a partir de sua característica, quando, na verdade, o respeito à autodeterminação deveria ser suficiente.
Projeto prevê a mudança nos documentos sem
custos .

O vácuo legal proporciona as pessoas transgêneros uma invisibilidade cruel, o fomento ao transfobia e barreiras ao processo de PRIDE. Na verdade estamos falando aqui de uma intervenção do Estado na vida cotidiana dos cidadãos e nos seus desejos.

O projeto proporciona as pessoas transgêneros o direito a um diagnostico digno. Através da cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) e das redes particulares conveniadas os mesmo poderão esculpir em seus corpos o indivíduo em suas cabeças sem a necessidade de um tratamento psicológico ou psiquiátrico.

Legalmente o projeto proporciona a mudança social do nome nos documentos gerais e do sexo declarado no nascimento, a manutenção dos títulos adquiridos pelo matrimonio e filiação e o direito a representação legal, caso necessário, através do ministério público, de incapazes, menores de 18 anos, que queiram fazer a transgenização sem o consentimento dos responsáveis.

Acima de tudo o projeto visa à seguridade e o bem estar das pessoas transgêneros, pois o gasto energético e psicológico que os mesmos têm para conter esse ser internalizado ou para expressá-lo sem que haja correspondência documental ou física é muito alto.

João W. Nery 
Justificar essa exclusão das pessoas transgêneros com argumentos embasados no machismo ou na imaturidade da sociedade gera paralisia em processos que poderiam ser transformadores, aprimorando posturas e ações sociais, tornando-a mais interessantes para todos.

É imprescindível que a sociedade respeite a decisão dos cidadãos de pertencimento a um gênero diferente do sexo atribuído no nascimento. Estamos ainda, no Brasil, em processo de consolidação desses direitos.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

XENOFOBIA

Capa do jornal que deu
origem ao conflito.
Na última quarta-feira (7) ocorreu um ataque à sede do jornal semanal Charlie Hebdo que fica em Paris capital francesa. O ataque responsabilizado pela rede terrorista Al-Qaeda matou 12 pessoas. O motivo foi uma imagem, publicada na capa do jornal, que aparentemente zombava do islamismo.

Essa situação acende um debate sobre xenofobia, guerra cultural e liberdade de expressão, que abrange o campo social, político e religioso. Mais do que um jornal Charlie Hebdo ocupa um lugar de fala (esquerda) e de critica política por meio das sátiras de seus editores, por vezes, grosseira e agressiva.

Muçulmanos franceses protestam contra grupos extremistas.
A França tem a maior população muçulmana da Europa, cerca de 2,1 milhões de adeptos, e essa guerra ideológica e física faz parte, mais uma vez, de uma tentativa de formar uma identidade nacional ou étnica pura. A Europa de um modo geral, através de seus líderes mais expressivos, tem um sentimento de pertencimento aflorado, herança da época das grandes navegações onde a Europa colonizou várias partes do mundo. Do outro lado os radicais islâmicos tentam polarizar a França e tornar os muçulmanos temidos e odiados, o que, segundo eles, empurrariam os mesmos a causa radical.

O grande problema com o ativismo radical é que os atos irresponsáveis deflagrados por seus adeptos caem nas costas de toda a classe. Nesse caso, há um recrudescimento da discriminação provocada pela xenofobia, que é a aversão ao estranho ou estrangeiro, a desconfiança em relação a pessoas estranhas ao meio daquele que as julga ou que vêm de fora do seu país. Incluindo o medo de perda de identidade, suspeição acerca de suas atividades, agressão e desejo de eliminar a sua presença para assegurar uma suposta pureza.

Liberdade religiosa.
Além disso, há um preconceito referente apenas aos islâmicos, a islamofobia, que cresceu nos últimos anos. Mas é importante ressaltar que nem todo árabe, que é uma identidade étnica, por vezes, confundida com identidade cultural, é muçulmano, que é uma identidade religiosa. Por tanto, há de se diferenciar religião, etnia e fundamentalismo religioso para se evitar a xenofobia e efetivar o combate da atual “Guerra Santa”.

As pessoas devem ter o direito incondicional de expressar sua religião com suas liturgias, desde que não fira a liberdade de outrem. Contudo isso é um direito dos regimes políticos democráticos das nações ocidentais.

Liberdade de expressão.
Há um grande problema quando veículos de comunicação adotam uma posição política, pois aí a liberdade de imprensa é permeada por princípios ideológicos da posição que se ocupa. A liberdade de imprensa é tida como positiva porque incentiva a difusão de múltiplos pontos de vista, incentivando o debate e por aumentar o acesso à informação e promover a troca de ideias de forma a reduzir e prevenir tensões e conflitos.

Existem dois grandes fluxos de conversação em curso sobre os tiroteios de Charlie Hebdo que parecem estar acontecendo no mundo. Estranhamente, eles não são deixados direito de distinções. Essas linhas são, denunciar os agressores e outra denunciar as vítimas. Nem são 100% certo ou errado. Sim, os ataques foram realizados por muçulmanos. Sim, o jornal era ofensivo. Nenhum desses fatos dizem muito sobre os muçulmanos ou jornais.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

CRÍTICA AO LIVRO: "TARÂNTULA" DE THIERRY JONQUÉT

Capa do livro.
“Tarântula” (160pag.) é um livro do autor francês Thierry Jonquét publicado no Brasil em 2011 pela editora Record. O livro narra à história de Richard Lafargue um médico cirurgião plástico que tem sua filha Viviane Lafargue estuprada por dois jovens Alex Barny e Vicent Moreau. Após o estupro Viviane nunca mais foi à mesma e enlouqueceu, condenada a viver em um hospício ela tinha constantes crises. Richard ao ver sua única filha nessa situação começa uma perseguição, em busca de vingança, a Vicent, o único que ele tinha visto na derradeira noite do crime.

Todo o enredo se desenrola com os planos maquiavélicos de Richard para vingar sua filha. Após capturar Vicent em uma mata ele o leva para o porão de sua casa e o mantém anos em cárcere para consumar suas intenções. O plano em resumo se divide em três fases, desconstruir, transformar e escravizar.

Primeiramente o plano de Richard era basicamente prender Vicent a outro corpo, o corpo com o sexo a quem ele havia violentado. Sendo cirurgião plástico Richard trabalhava com transformações, logo, transformações exigem a redução ou a desconstrução do que antes havia. É espantoso como isso acontece, Richard tira a humanidade de Vicent ao tratá-lo como animal e um sujeito sem direitos básicos.
Thierry Jonquét.

Mantendo Vicent preso no porão, nu com fome e sede, Richard começa um processo de transformação social de identidade de gênero ao longo de quatro anos. Usando de artifícios socialmente femininos a mudança psicológica começa. Aos poucos com o progresso de seu plano Vicent ganha liberdades antes negadas como um prêmio ao acordo taciturno com Tarântula. Aliás, Vicent o apelidou assim por não saber seu nome, mas também pela simbologia da aranha a evocação do feminino e a fiação em movimentos calculados e precisos.

As correntes que prenderiam Vicent ao corpo que ele não pertencia ou a pele que ele não habitava viriam mais tarde. Richard realiza uma cirurgia de transgenização compulsória e delimita o futuro de Vicent que agora era Ève. Sem documentos Ève se vê presa a Richard para o resto da vida.

Por fim, a última e mais cruel fase do plano, se é que tem uma mais cruel, Ève mantida em cárcere ainda, porém com os direitos básicos que se tem em uma casa é escravizada sexualmente a fazer programas com clientes intermediados por seu “cafetão” Richard Lafargue.

Cartaz do filme "A Pele que
Habito".
Acontece em paralelo no livro a história Alex Barny após o estupro de Viviane. Ele e um parceiro se envolverão em um roubo grande de dinheiro. No clima do ato trocaram tiros com a policia e ele acabou sendo baleado na perna e matando um policial. Perseguido pelo dinheiro que carregava ele procurava de todas as formas se esconder.

Até que um dia ele vê na televisão o próprio Richard Lafargue falando das simplicidades de cirurgias de mudança de face. Alex então tem a brilhante ideia de mudar de rosto como forma mais prática de se esconder. Procurando o médico pelos becos da França ele o acha, porém seu plano tem uma falha, como convencer o médico a fazer a cirurgia fora de um hospital? Afim de não ser pego pela policia.

Pedro Almodóvar diretor
do filme "A Pele que Habito".
Alex descobre que o médico tem uma aparente “esposa”, a Ève. E planeja sequestrá-la e tê-la como moeda de troca pela cirurgia. Na execução de seu plano Alex é bem sucedido e convence o médico a fazer a cirurgia.

Começa então o desfecho do livro, que não cabe contar aqui para não estragar a surpresa, mas é surpreendente o rumo que as coisas tomaram. O surgimento de um sentimento paternalista entre Richard e Ève, o reencontro dos amigos e o clímax do romance acontecem nesse thriller que prende você na teia da aranha.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

CRÍTICA AO CURTA: "MUNDO AO CONTRÁRIO - HETEROFOBIA"

O curta “Mundo ao Contrario – Heterofobia” (19min.) lançado em 2013 e dirigido por K. Rocco Shields é um documentário que mostra um mundo onde o “normal” é ser homossexual. A personagem principal Ashley (Lexi DiBenedetto) nasce e constrói a sua sexualidade com base heterossexual e todo o desenrolar do enredo mostra a luta ideológica contra o preconceito na aceitação de sua sexualidade.

Primeiramente quero deixar claro que eu não concordo com um mundo que tenha padrões sexuais, sejam eles homo ou hetero, ou qualquer outro padrão que marginalize o Ser. Não gostaria de viver numa sociedade homonormativa e não gosto de viver numa sociedade heteronormativa. A sociedade sem padrões de comportamento, não sem leis, não cria seres subalternos e sem direitos e não hierarquiza aspectos do Ser. Por fim uma sociedade justa e igualitária que visa o bem estar social por meio de micro políticas.

Ao fundo "Deus odeia heteros.
Não se pode virar o tabuleiro e continuar jogando da mesma forma. Há de se respeitar o Ser no seu estado original sem as configurações que a sociedade e a cultura imprimem a ele. E também há uma grande diferença entre maioria e normal e minoria e anormal. Sempre vai haver o mais e o menos, a diferença é como eles são tratados.

O vídeo sim, já começa num estado agressivo de expressão de opinião, caractere adquirido pela educação compartilhada da cultura hetero conservadora e fundamentalista, e também faz referencias religiosas alterando seu o sentido original, ressalto que não concordo com isso também, mas isso é adquirido, mais uma vez, da cultura hetero conservadora e fundamentalista que manipula a cultura de massa, notícias e até vídeos. Um dos grandes estranhamentos causados em mim ao assistir ao vídeo é a adesão de comportamentos adultos a crianças.

Ashley hostilizada por sua sexualidade.
Para escrever esse artigo já assisti três vezes ao vídeo e todas elas senti repulsa aos crimes e discursos de ódio cometido pela hegemonia sexual do romance, não concordo com crimes de ódio promovidos pela heterofobia e muito menos pela homofobia. Heterofobia ainda me soa estranho pelo ínfimo e talvez inexistente crimes por essa motivação.

Os problemas de Ashley começam na escola com o bullying perpetrado pelos colegas, ela ganha uma marca estigmatizada de “criadora” que é como são chamadas no filme as pessoas que tem relações heterossexuais. Obviamente a sobrevivência da humanidade em um mundo homossexual é uma utopia, visto as relações não reprodutivas. Precisa-se dos heterossexuais para se criar homossexuais e precisa-se dos homossexuais para se definir os heterossexuais, isso é a dualidade que constrói a sociedade e mantém as relações de poder.

Bullying virtual.
E aqui vale lembrar, eu já falei sobre em outras ocasiões, da importância da educação sexual nas escolas para os currículos do Ensino Fundamental e Médio como ferramenta a inclusão de minorias no âmbito escolar e incentivo a grupos de apoio e estudos de temáticas LGBT nas escolas. Falar aos jovens sobre a necessidade de respeitar as diferenças e de refletir sobre como quem não tem o "comportamento padrão" imposto pela sociedade sofre muito. Falar dos diferentes tipos de orientação sexual no ambiente escolar faz parte disso, embora não seja fácil.

Sem o apoio familiar, Ashley passa por um período de negação onde parece impossível ser daquele jeito, passando pela raiva questionando a si mesma o “porque ela?”, logo depois vem o período de negociação onde começa a formular hipóteses para sua aceitação. Não obtendo resultados positivos a sua empreitada ela mergulha no último estagio dessa negação, a depressão. Ela começa a tomar consciência de que seu comportamento jamais será aceito. Não há como escapar. Há um espaço vazio em seu coração. E com isso vão todos os sonhos e projetos.

Desespero de Ashley após surra dos colegas.
É de chorar a traição de seu afeto. Mas as piores violências sofridas são as violências ideológicas que criam etiquetas as pessoas. Com tudo isso, Ashley chega às vias de fato e destina-se ao fim mais comum as pessoas que são diferentes e decidem não lutar pela aceitação, o suicídio. O vídeo não mostra claramente, mas deixa subentendido.

Todas essas situações aconteceram inversamente com os heterossexuais, porém essas experiências são horríveis não importando a quem sejam perpetradas. O vídeo é uma critica verossímil a situações cotidianas vividas por pessoas LGBT nas escolas, reflexo da falta de políticas de inclusão social e da irresponsabilidade do corpo docente e discente com uma educação justa.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ENTREVISTA: DESAFIOS 2015 PARA O BLOG

Blog: Bom dia! Nesse ano quais serão as estratégias usadas para expansão dos ideais do blog?

Matheus: Bom dia! Primeiramente quero explicar o que significam os ideais EVOLUÇÃO e REVOLUÇÃO. A evolução vem por meio das necessidades adaptativas que o ser é obrigado a passar caso queira continuar vivo. A revolução seria todas as evoluções subsequentes que criam variedades do mesmo individuo a fins da readaptação pensando sempre na mudança de pensamento, ideias e comportamentos. O blog vai ganhar uma visão mais política dos assuntos tratados, principalmente no que se refere às políticas minoritárias, e alguns marcadores serão excluídos. Discussões novas serão abertas como a pena de morte e a eutanásia, que entram nas políticas minoritárias. O empreendimento de análises fílmicas, obras literárias e artigos científicos serão fortemente usados na disseminação desses ideais. E também quero agradecer a audiência que o blog recebe principalmente no Brasil e nos Estados Unidos.

Blog: Qual a real importância do blog para o pregão dessas novas ideias?

Matheus: Todos nós ocupamos uma posição política nas nossas atividades cotidianas, e eu mais do que nunca tento colocar essas posições para funcionar. A partir dessa posição precisamos de um lugar de fala e esse é um dos meus lugares de fala, o blog. As pessoas hoje em dia não dispõem ou não querem ter um tempo de qualidade com um livro na mão, para essas pessoas a velocidade com que se lê alguma coisa é o que importa. Por vezes essa leitura apresenta níveis muito baixos de interpretação, e o blog se propõem a isso trazer numa linguagem simples, assim espero [risos], e traduzida de tudo que se lê, fala, ou escuta por aí nas mídias, nas ruas e nos discursos de ódio disfarçados de liberdade de expressão. A internet proporciona essa velocidade que as pessoas querem, por isso, considero os espaços cibernéticos uma importante ferramenta a quem queira propagar ideias a outrem.

Blog: Um dos marcadores mais vistos do blog é o de “Entretenimento”, você pretende colocar algo novo além dos curtas e filmes?

Matheus: Sim, sim. Com certeza. A análise de livros e de séries será apensada ao marcador e talvez análise de músicas, mas isso é mais para o meio do ano. Quem não gosta de ficar em casa e assistir a um bom filme? Porém esses filmes são cheio de arquétipos e de ideologias que passam despercebidos aos olhos de quem presta atenção apenas no romance. O blog interpretará essas ideologias e apresentará ao leitor, mas pensando no estímulo a interpretação independente do espectador, pois não apoiamos manipulações de cérebros ao nosso bel prazer e estamos abertos a encorajar nossos leitores a leitura de opiniões diferentes da nossa. A adoção do cinema alternativo e independente será adotada como outra opção de entretenimento, o cinema brasileiro e o cinema LGBT serão protagonistas nessa tarefa.

Blog: Suas opiniões são fortes e muitas vezes vão contra o senso comum, você é muito criticado pelo que escreve?

Matheus: Não existe opinião forte ou fraca, o que existe são opiniões diferentes, que são visões destoantes da mesma história. Não me fale em senso comum que eu odeio isso, chega de senso comum, REVOLUÇÃO. Olha criticado todo mundo é mesmo quando faz o bem ou o mal sempre haverá uma crítica. A forma como faz a crítica é o que muda. A palavra tem o poder de construir e desconstruir, palavras bem colocadas constrói e mal colocadas destroem. Tem pessoas que não se dão bem com a critica negativa, eu gosto das criticas elas mostram que estamos sendo vistos e que as pessoas estão começando a pensar com seus cérebros, é um ótimo sinal. Já me perguntaram qual era a utilidade de escrever sobre temas polêmicos, ora, toda, temas polêmicos são os que mais geram famigeração nas bancadas conservadoras e fundamentalistas que é justamente a minha oposição direta. Tenho que escrever, tenho que falar e tenho que combater dentro dos meus lugares de fala.

Blog: É verdade que você pretende inserir videoconferências as tags do blog?

Matheus: Um dia quem sabe [risos]. É mais difícil fazer um vídeo, tanto pela falta de material como de pessoal. Mas sim adoraria ver minha cara no clip [risos]. O vídeo abre portas para novos públicos o que aumentaria a audiência do blog, é uma coisa de se pensar num futuro próximo.

Blog: Além do blog, quais são suas atividades?

Matheus: Pesquiso bastante, leio muito, não somente enunciados científicos e políticos das causas que luto, mas também romances, assisto filmes, curtas e entrevistas e estou atento às novas teorias da sexualidade. Tudo isso me permite escrever o que escrevo e são minhas bases na construção do blog. Tenho também meu trabalho como Aux. Adm. durante a semana, que graças a Deus não atrapalha minhas atividades com o blog. Nos finais de semana faço de tudo pra não ficar em casa [risos], saio com os amigos, vou ao shopping, cinema etc... Resumidamente é isso que eu faço.

Blog: Uma última pergunta. Quais são as expectativas e visões do futuro para o público do blog compatível a sua opinião e também para os nãos compatíveis?

Matheus: Primeiramente temos que atingir o primeiro passo das mudanças para algumas minorias, uma coisa que cara a elas PRIDE (orgulho). Fazer com que as minorias cheguem juntas a esse degrau. Quando você tem orgulho do que você é ou do que faz nada nem ninguém conseguirá fazer de você o contrário, essa é a parte mais difícil no processo de sujeitos de direito, imputar o orgulho. Isso se deve ao fato que pessoas diferentes (minorias) são criadas no mesmo ambiente, cultura e instituições ligadas à cultura que o hegemônico é criado, isso engendra seres estigmatizados e estrangeiros a própria sociedade. Logo depois vem o input de sensação de pertencimento, mas isso já é o segundo passo. Para o público não compatível em nenhum momento pretendo fazê-los mudar de posição, mas sim apresentar a outra face da história. Que existe. E a negação destas e dos direitos não às eximem da existência e da condição humana.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

PL 4211

Forma usual de apresentação do
serviço.
A sociedade sempre mantendo um moralismo superficial dos “bons costumes” tende a causar injustiças e negação de direitos às minorias não normativas. Muito já foi falado de minorias sociais, porém hoje quero falar de uma minoria profissional, a prostituição.

Prostituição consiste na prestação de um serviço sexual em troca de dinheiro. Prática historicamente relacionada às mulheres, hoje ganha espaço no campo masculino com os famosos michês.

Socialmente a prostituição não configura um crime nem quando praticada individualmente ou coletivamente. A prostituição é reprovada no imaginário social devido à possível disseminação de DSTs e pelo impacto negativo nas estruturas familiares. O preconceito gerado também parte do principio da cultura de massa apensar a prostituição a exploração sexual.

Prostituição como modo de
sobrevivência.
Atualmente nas regiões mais pobres do mundo miséria e prostituição são praticamente sinônimos, a partir daí, conseguimos entender a profissão como um estilo de vida e um meio de sobrevivência frente à sociedade normativa que nunca deixou de fomentar veladamente aquilo que ela condena brutalmente.

Há vários tipos de prostituição, mas uma das que mais me chamou a atenção durante minhas pesquisas foi à prostituição corporativa. A prostituição corporativa é uma troca de favores sexuais por um melhor nível social hierárquico ou na concretização de negócios. Ainda hoje, entre empresas de segunda classe é relativamente comum mulheres usarem o erotismo e a insinuação vulgar como moeda de troca para fechamento de contratos, pagamento e recebimento de propinas e informações sigilosas.

A atividade de prostituição no Brasil em si não é considerada ilegal, não incorrendo em penas nem aos clientes, nem às pessoas que se prostituem. Entretanto, o fomento à exploração sexual e a contratação de pessoas para atuarem como escravos sexuais são considerados crimes, puníveis com prisão.

Gabriela Leite
Para regulamentar essa situação surgiu em 2012 e aguardando aprovação o PL Gabriela Leite que regulamenta a atividade dos profissionais do sexo. De autoria do deputado federal do Rio de Janeiro Jean Wyllys PSOL o projeto visa à quebra de paradigmas sociais com o discernimento do que é exploração sexual e prostituição. Mais do que isso o projeto proporciona a efetivação dos sujeitos de direito e do orgulho profissional por meio da identificação com o coletivo.

O enfrentamento de problemas
sociais na esfera criminal não
gera bons resultados.
Impor a marginalização do segmento da sociedade que lida com o comércio do sexo é permitir que a exploração sexual aconteça, pois atualmente não há distinção entre a prostituição e a exploração sexual, sendo ambos marginalizados e não fiscalizados pelas autoridades competentes. Enfrentar esse mal significa regulamentar a prática de prostituição e tipificar a exploração sexual para que esta sim seja punida e prevenida.

Está mais do que na hora de aprendermos que a criminalização do que os setores conservacionistas e fundamentalistas não aceitam não é o melhor caminho para resolver os problemas sociais desse país. Colocar sujeitos à margem não significa que eles deixam de existir e que não mereçam direitos como pessoa humana.